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A Anarquia Seletiva: A Ditadura do Egoísmo Disfarçada de Liberdade

  • Foto do escritor: Marcos Brito Psicólogo
    Marcos Brito Psicólogo
  • 27 de mar.
  • 3 min de leitura
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A anarquia, em sua essência, pulsa como um grito de liberdade, um anseio por um mundo onde a autonomia individual floresça sem as amarras de um poder centralizado e pela cooperação voluntária, onde as decisões são tomadas de forma coletiva e descentralizada. No entanto, em meio ao fervor desse ideal, emerge uma figura sombria: o anarquista seletivo.


Esse indivíduo, seduzido pela promessa de ausência de regras, abraça a anarquia como um escudo para seus desejos momentâneos. As normas sociais, antes eram pilares de convivência, tornam-se obstáculos a serem contornados, grilhões a serem quebrados. A liberdade, em sua visão distorcida, confunde-se com a licença para satisfazer seus caprichos, sem se importar com o impacto de suas ações no meio social.


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Mas a máscara cai quando suas necessidades individuais clamam por atenção. As mesmas regras que antes desprezava, agora são exigidas com veemência. O anarquista seletivo revela-se um mestre da hipocrisia, um ditador do egoísmo disfarçado de libertário.


A dicotomia entre o discurso e a prática revela a fragilidade dessa visão de mundo. A anarquia, quando desprovida de responsabilidade e empatia, degenera em caos e injustiça. A liberdade individual, quando exercida sem limites, transforma-se em opressão para os demais.



É a imagem do torcedor que, no estádio, incendeia a arquibancada com gritos de rebeldia, desafiando a autoridade e as regras do jogo, mas que, ao cruzar os portões de casa, exige silêncio e ordem absolutos de seus filhos. É o pai de família que, no bar, brada contra o sistema, mas que, na mesa de jantar, impõe suas crenças com mão de ferro, sem espaço para o diálogo.


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Na esfera religiosa, encontramos o fiel que clama por liberdade de culto, mas que, em seu círculo íntimo, condena e exclui aqueles que ousam trilhar caminhos espirituais diferentes. Na política, o discurso inflamado contra a corrupção e a injustiça social se esvai quando o poder bate à porta, e os privilégios individuais se tornam mais sedutores do que os ideais outrora defendidos.


No ambiente de trabalho, o colega que se rebela contra as normas da empresa, exigindo flexibilidade e autonomia, é o mesmo que cobra pontualidade e dedicação irrestrita de seus subordinados. E nos relacionamentos amorosos, o parceiro que clama por liberdade individual, exigindo espaço e independência, é o mesmo que sufoca o outro com ciúme e controle.


A lista é interminável, um reflexo de uma sociedade que se acostumou a navegar na corda bamba da hipocrisia. Em nome da liberdade, erguemos muros que aprisionam o outro, e em nome da justiça, perpetuamos desigualdades que corroem a alma da nossa sociedade.


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A pseudo democracia em que vivemos, com suas injustiças sociais gritantes, alimenta essa dicotomia. A anarquia seletiva se torna um mecanismo de defesa, uma forma de garantir privilégios individuais em meio ao caos social. Mas até quando vamos tolerar essa farsa? Até quando vamos nos contentar com uma liberdade que só existe para alguns?


A reflexão que proponho é um convite à mudança. Que possamos questionar a autenticidade de nossa busca pela liberdade. Que a anarquia, se abraçada, seja acompanhada de um compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Que a liberdade individual seja exercida com responsabilidade, para que não se transforme em instrumento de opressão.


A mudança começa em cada um de nós. É preciso coragem para confrontar nossas próprias contradições, para desconstruir os muros que erguemos em torno de nossos egos. A verdadeira anarquia, aquela que liberta e transforma, não é um direito individual, mas um dever coletivo. É a busca incessante por uma sociedade mais justa e igualitária, onde a liberdade de um não aprisione a liberdade do outro.

 

Que se tenha coragem de abraçar uma visão de mundo onde a liberdade individual floresça em harmonia com o bem-estar coletivo.

 
 
 

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